O QUE TODOS OS APROVADOS TÊM EM COMUM
Todo aprovado, conscientemente ou não, compreendeu, a ponto de ter se mantido constante em um nível singular, um fluxo de aprendizagem que o permitiu alcançar o resultado almejado.
Através da ordenação sofisticada entre padrões internos, demandas externas, bem como diversos processos intuitivos (motivação, realização pessoal, força de caráter) e racionais (cumprimento de metas previstas em um cronograma confiável, leitura de materiais efetivos, revisões apropriadas), o indivíduo com sucesso foi habilidoso em segmentar o processo de estudo em três fases distintas: a fase da orientação (mensurável em semanas), a fase da prática (mensurável em meses) e, por fim, a fase da validação (mensurável em dias).
O fato é que o indivíduo deve aprender a estudar em algumas semanas (orientação), praticar em alguns meses (cumprir metas) e validar aquilo em determinados dias (em provas formais).
Usualmente, salvo um espelhamento profissional externo apropriado, a transição entre esses estágios não é perceptível mediante assimilação consciente. O retorno ambiental, representado pela autoimagem técnica (aumento do número de acertos de questões em menos tempo) e social (indiferença quanto o modo de estudar de outras pessoas), é o principal paradigma de transição. E, apesar de o estudante dificilmente perceber quando ocorreu essa transição, é fundamental a percepção de que houve a transição, sob pena de estagnação e descrença no resultado.
É simples, e posso sintetizar esse enredo em três formas verbais: ouvir, pensar e fazer.
Isso é comum a todo e qualquer processo de aprendizado nas mais diversas habilidades da vida a que qualquer pessoa se dedique a desenvolver, inclusive marcar respostas em um gabarito, escrever palavras de acordo com um espelho de respostas ou emitir sons em uma prova oral.
Como você aprende a tocar um instrumento? Na seguinte ordem: você ouve a orientação, pensa em como fazer, e, por fim, faz.
Muitos estudantes não se permitem ouvir outras pessoas. Por isso, não são capazes de pensar claramente. Portanto, jamais conseguirão fazer nada a ponto de se tornarem realmente hábeis (e muito menos os melhores) naquilo que estão aprendendo.
Isso quer dizer que ninguém conseguirá sozinho? Sim. Você não conseguirá sozinho. A única coisa que você conseguirá sozinho é desistir. Em um próximo capítulo, ensinarei a melhor forma de desistir. Mas saiba que, mesmo para desistir, se você tiver uma boa estratégia, terá menos prejuízos.
Entenda que não quero que você alcance um resultado. Minha intenção é que você alcance um resultado enquanto você consegue alcançar um resultado. E isso precisa ser rápido. Você não viverá para sempre e a vida está em constante mudança. O que define o curso da existência humana num prisma individual, na verdade, são as catástrofes imprevisíveis (a morte ou o nascimento de alguém na família, a perda de um emprego, dentre outras). Você nunca saberá quando será obrigado a desistir dos estudos. E, em alguns casos, simplesmente não dá para continuar. Eventos imprevisíveis não acontecem por culpa sua, mas não se preparar para eventos imprevisíveis são sim da sua responsabilidade e, provavelmente, você será quem sofrerá as consequências disso. Sorte a sua se não houver outras pessoas que possam vir a sofrer também.
Ouso dizer que alguém que afirma ter conseguido sozinho não está falando a verdade. Em algum momento o aprovado foi auxiliado, direta ou indiretamente. Eu não consegui sozinho. Precisei ensinar mais de 100 estudantes do ensino fundamental e médio durante mais de 7 anos para entender, pensar e fazer o que é necessário para ter sido aprovado em um tempo menor. Se alguém que eu respeitasse, admirasse e me identificasse tivesse me orientado, eu não teria precisado passar por isso, mas não havia essa pessoa. E agradeço por isso. O processo me redefiniu emocionalmente e alterou meu senso de prazer. E por essa razão hoje estou aqui hoje escrevendo esse livro.
Analisarei, a partir de agora, cada fase.
A fase da orientação é essencialmente passiva. O indivíduo muito mais observa do que pratica. É um momento em que estudante deve estar consciente de que está apenas observando o que outro indivíduo fez ou não faria novamente para alcançar determinado resultado.
Dificilmente você conseguirá ser melhor do que outras pessoas dentro de um ambiente de competição se não for capaz de aprender com outros indivíduos que já não mais competem, pois já ganharam e saíram da competição. Pelo menos daquele tipo de competição. Imagine um time de futebol sem técnico.
Entenda que a real influência da orientação técnica no resultado de alguém não é diretamente proporcional a quantidade de pessoas que estiveram sob a orientação de determinada pessoa e obtiveram a aprovação. Comercialmente, isso é atraente pelo aspecto da prova social. Mas, dentro dos concursos públicos, diferentemente de uma meta pessoal sobre ser honesto, em que a prova social de alguém que é honesto faz sentido, você não deve fazer o que está dando certo para todo mundo. Não somente isso. Existe algo a mais. É complexo.
Quanto mais pessoas forem orientadas por disposições genéricas, menor será o nível de personalização e comprometimento. Restarão pessoas comprometidas com o processo (e consigo mesmo – sendo isso que faz a real diferença) que não necessariamente fazem exatamente o prescrito, simplesmente porque não existe análise e feedback se tudo está sendo feito corretamente. Em virtude disso, o estudante genericamente orientado faz outras coisas, e aí, já não é mais possível saber o que de fato deu resultado.
Por esse motivo, escrevo esse livro, pois sei que não serei mentor para sempre e não para o maior número de pessoas. Não acredito nisso. Talvez ensinar pessoas a ensinarem outras pessoas seja um plano melhor dentro dos meus objetivos. Certa vez, reuni um grupo de cerca de 20 alunos da mentoria em uma reunião virtual. Pedi que eles dissessem publicamente o que erraram nas últimas semanas de estudo e o que fariam, diante disso, nos próximos 15 dias. Foi incrível. Naquele momento, percebemos o ápice do aprendizado. Não sabemos onde vamos parar. Mas eu sei o que vamos parar. Eu sei. Talvez não agora, talvez não amanhã, talvez não mês que vem, mas nós iremos parar.
Portanto, é sempre possível, e é o mais inteligente a ser feito, aprender com outras pessoas. Caso você se negue a fazer isso, outras pessoas farão. Então, você sempre estará um passo atrás. E estar sempre um passo atrás pode fazer com que andar não faça mais sentido.
Afirmo com veemência que se torna gradualmente mais complexo obter uma aprovação em concursos públicos a cada ano, a cada mês, a cada dia.
Não significa dizer que antes fosse mais fácil, afinal, para cada desafio anterior há uma habilidade compatível não tão desenvolvida quanto agora. A quantidade de desafios inerentes ao resultado é o que, em verdade, torna algo fácil ou difícil.
Antes, não tínhamos tantos desafios como agora no âmbito dos concursos. E, principalmente, o modo como os concursos se apresentam permanece o mesmo (ler e marcar), mas o método de preparação mudou. O seu cérebro é o mesmo há 200 mil anos, mas você seria capaz de afirmar que o homo sapiens de 200 mil anos atrás tem as mesmas habilidades de hoje? Os concorrentes estão mais preparados, pois a prova não evoluiu de modo proporcional.
Negar isso seria o mesmo que negar qualquer evolução do homem. Os concursos públicos permanecem os mesmos há muito tempo. Já vi editais de concursos para o mesmo cargo praticamente iguais mesmo que tenha havido um intervalo de quase 10 anos entre os dois certames. O concurso é o mesmo, mas os estudantes não. A maneira de se preparar está cada vez mais avançada pela perspectiva da tecnologia.
Há 10 anos, não existia a quantidade de cursos preparatórios que existem atualmente, os materiais, os sites de jurisprudência, os sites de questões, tudo evoluiu para fazer melhor diante de uma avaliação que não mudou. A maneira como as provas se “atualizam” é cobrando excessivamente a jurisprudência, mas isso é algo que o estudante também é capaz de desenvolver, tornando-se mais eficiente (todo mundo conhece aquele site que revolucionou a maneira de estudar jurisprudência). Na mentoria, desenvolvi um material que intenciona melhorar intuitivamente o estudo de jurisprudência. Tem dado certo.
Agora, os concorrentes estão cada vez mais capazes de ver mais informações em menos tempo. Ademais, problemas existenciais advindos do aumento de responsabilidades, o excesso de informações, tudo isso prejudicou bastante o estudante atual. Então, definitivamente, não é a mesma coisa. Métodos tradicionais já não funcionam da mesma maneira. Se você se ofende por isso, o problema é seu. Você deveria estar mais preocupado em avaliar como você exerce o seu cargo atual do que a avaliar a dificuldade que você teve para ingressar nele. Garanto para você que a quantidade de pessoas que queriam estar no seu lugar há 20 anos, quando você entrou, é bem menor do que as que queriam estar hoje.
Portanto, é importante observar. Analisar. Comparar. Não é uma fase de questionamentos. Se você não concorda, atente para o porquê de você não concordar, mas não tente mudar. Se você fizer isso, você será “destruído” por aqueles que se beneficiam com a ordem estabelecida. Chegará a hora certa de enfrentar certas regras. E não é agora.
Muitos profissionais dessa área de orientação não foram capazes de perceber a si mesmos no momento oportuno. Portanto, não identificam o real encadeamento de seu resultado, de modo que não reconhecem a real causa de sua aprovação, pois temem represálias de consciência e sociais advindas da transparência, pois admitem que ensinam porque estão naquele cargo, como se o cargo público sustentasse a capacidade de ensinar, e não o contrário.
O aprovado em concursos não deve vincular o exercício do cargo como pré-requisito para a orientação de como alcançar o cargo. Ele precisa ser capaz de dizer: eu ensino não porque sou servidor público, mas porque eu acertei as questões que me tornaram servidor público. Isso pode não aparentar uma diferença clara, mas existe muita diferença. Nós esquecemos o que não praticamos excessivamente. Para que você automatize algo a ponto de não desaprender mesmo depois de alguns anos, você deve ter feito isso por cerca de 10000 horas. Não é que você precise estudar 10000 horas para ser aprovado, mas se você não quiser se esquecer nunca disso, precisará fazer por 10000 horas. Você poderá ser aprovado se estudar 3000 horas, mas essa será uma habilidade que será esquecida em detrimento de outras que você aprenderá. E se você for aprovado, você deverá aprender a fazer outras coisas, tais como exercer o seu próprio cargo.
Você não confiaria a construção de uma casa para alguém que fez uma casa somente. você confiaria no engenheiro que fez várias casas. Pode existir pessoas que nunca tenham sido aprovados em um determinado concurso e sejam capazes de orientar alguém. Mas isso não é uma regra. Essa indivíduo deve se capacitar dentro disso. Porém, dificilmente ele terá tempo disponível para essa capacitação acumulando uma família (e normalmente os aprovados se casam e tem filhos logo após nomeação, como parte de uma dívida que pagam com aqueles que estiveram ao lado deles na fase anterior, um cargo público, sonhos para viver).
Assim, através da percepção acerca de pessoas que alcançaram algum resultado, o indivíduo aprovado passa a registrar, ainda que intelectualmente, o aumento desse desempenho, o qual é fruto de uma observação intensa.
A segunda etapa é a fase da prática, determinada pela execução emocionalmente desafiadora, mas ao mesmo tempo não destrutiva, das metas de exercícios, capaz de propiciar a gestão dos riscos de eventuais erros, os quais devem ser encarados como ensinamentos - verdadeira imunização .
A realização de exercícios deve ser um processo real, inapto à alienação do estudante. Essa alienação é constantemente verificada em virtude do confronto inofensivo com as questões pela perspectiva técnica, mediante a manipulação voluntária, quase que num ato de covardia, da base cognitiva utilizada para a realização dos exercícios.
Sentir-se instigado em um grau suportável por ameaças reais, sendo capaz de resistir posteriormente a contextos mais contundentes, é o fenômeno também conhecido como mitridização, originado na lenda do Rei Mitrídates VI do Ponto, o qual intencionava imunizar-se contra eventuais envenenamentos, consumindo doses crescentes (mas nunca letais) de determinados venenos, até que fosse capaz de suportar até mesmo uma dose suficiente para matar um ser vivo não imunizado.
Se você faz isso para sobreviver, ao tomar vacinas, por qual motivo não faz isso para simplesmente ser aprovado em um concurso público? Talvez outras pessoas vendam o remédio e precisem de você doente.
Ademais, é válido construir no âmbito dos estudos para concurso o conceito de serendipidade, que nada mais é do que a capacidade de encontrar resultados diferentes daquilo que se buscava no início. Só um estado perfeitamente orientado de inconsciência e foco no processo é capaz de elevar isso a um nível máximo. Muitos estudantes não se permitem a esse estado de aprendizado. É triste, mas estamos diante de uma geração que tem medo de ser desafiada.
Por meio de uma organização ideal dos estudos, o indivíduo é capaz de aprender utilitariamente sobre determinados assuntos enquanto analisa outros, desde que assuma o risco de encarar tão logo, técnica e emocionalmente, o que pode ser encarado no dia da prova: a falta de apreensão exata do assunto questionado.
Em verdade, o excesso de previsibilidade na preparação para a prova, além de uma herança dos tempos de escola e faculdade, atua como um exterminador de agente estressores, o que torna o estudante extremamente não adaptado a contextos de desafios, tais como a prova. A esterilidade do pensamento criativo, associada à constante evidência da incompatibilidade entre o que se estuda e o que será utilizado na prática do serviço público, somada à abundância publicitária nas redes sociais de métodos de estudos contraditórios e desconexos, trazem consigo a ansiedade e alienação para os estudantes, transformando o ato de estudar em algo que poderia ser considerado o oitavo trabalho de Hércules.
A maior representação prática desse processo ocorre nas provas orais. Por qual razão alguém que esteve entre o restrito grupo dos estudantes com suposto melhor conhecimento técnico, precisaria frequentar um curso de apenas um final de semana que se diz capaz de ensiná-lo a fazer aquilo que ele faz há pelo menos 25 anos: falar?
Eu, sinceramente, não entendo. Uma boa conversa constante com alguém que já passou por isso, e talvez uma boa terapia, são muito mais eficientes. Existe uma maneira ótima de você se preparar para provas orais e ensinarei num próximo momento.
Costumo indicar para alunos da mentoria a realização de exercícios de toda sorte, desde que tenham alguma pertinência com a prova objeto de estudo, principalmente pelo filtro da banca examinadora e pelo cargo pretendido, dentro de um período de, no máximo, 5 anos, sob pena de tender ao infinito.
Não acredito em um nível de especialização muito detalhista, posto que as bancas examinadoras de concursos públicos detêm uma liberdade ampla para a elaboração da suas questões.
O ápice dessa desorientação, o que a meu ver é equivocado por retirar do aluno ponto fundamental na preparação, é a elaboração das chamadas questões inéditas. Isso é ótimo. Mas é ótimo somente para quem faz. Mas é ótimo em outro sentido. É ótimo para quem faz e deseja comercializar isso utilizando o fato de nós seres humanos sermos viciados em novidades. Porém, o ser humano é viciado em novidades para que possamos adquirir novos padrões. No entanto, alguns padrões fogem da necessidade prática, o que pode ser fatal num meio em que você deve ser cirúrgico.
Você não pode desperdiçar seu tempo, pois cada segundo mal aproveitado, seja por não trazer resultado, seja por não ajudar você a entender o que é resultado, representa uma segundo a mais no aumento da desconfiança do processo. Você pode até achar que fazer questões inéditas pode trazer um novo padrão, mas, na verdade, isso se mostra desnecessário. Entenda que, para ser aprovado no concurso, você não deve ser capaz de acertar todas as questões da prova. Isso se mostra praticamente impossível por uma perspectiva estatística, mormente em provas que possuem muitos conteúdos.
Muitas vezes, você erra por ultrapassar o pensamento da banca. Você precisa entender que se você já tiver resolvido todas as questões anteriores da banca examinadora, você já terá um bom resultado. Dificilmente, algo inédito dentro do âmbito dos concursos o é no aspecto material, mas tão somente na maneira de ser abordado. Você não precisa treinar como alguém que já foi aprovado em um concurso público depois de fazer 10.000 questões (originais da banca) muda as palavras sobre aquele para você. Seja mais esperto. Claro que em determinadas matérias não há questões prévias da banca. Nesse caso, em virtude da falta de uma estratégia mais eficiente, e pelo fato disso ser um comportamento isolado, o que não demandaria tanto tempo, não há tantos prejuízos.
(foto da planilha) O diferencial nesse ponto do processo de aprendizagem é responder muitas questões. Ser extremamente redundante. Esse é um dos maiores segredos na aprovação. Esse foi um dos grandes segredos na mentoria. Infelizmente, o termo redundância é visto como algo exaustivo.
Na verdade, redundância é algo extremamente essencial para o alcance de resultados efetivos. A redundância traz consigo um dos pilares na busca pela maestria no âmbito dos estudos: a estabilidade. Para que você seja eficiente em qualquer objetivo que você almeje, você precisa estar estável.[VA1] A estabilidade faz com que você se sinta seguro, arriscando mais. Arriscar mais faz com que você cometa mais erros. Cometer mais erros, através da conhecida tentativa e erro, faz com que você aprenda muito mais. Aprender muito mais significa evoluir, e evoluir é ter resultados melhores.
Isso é muito comum na vida social. Somos redundantes em praticamente tudo aquilo em que somos bons. Veja a natureza. A natureza adora a redundância. Temos dois rins, dois olhos, dois ouvidos. Muitos animais que não possuem um intenso cuidado com o seres recém-nascidos são capazes de ter muitos filhos, dentre outros.
No âmbito das finanças pessoais, sempre se afirma para que você tenha pelo menos seis meses de renda suficiente para o pagamento de suas despesas como forma de segurança. Isso é verdade. Salvo raríssimos casos, no âmbito de qualquer ofício, ter uma segurança financeira faz com que você trabalhe melhor e consiga melhores empregos, precisando menos daquela reserva que você fez como forma de se manter naquele emprego. A lógica disso é exatamente a que foi aqui trazida. Se você tem segurança, você arrisca mais e, portanto, cresce mais. Existe um objeto feito pelo homem que representa o símbolo da redundância e da consequente estabilidade. O avião. Todo avião possui inúmeras redundâncias, ou seja, mais de um equipamento do mesmo tipo, por questões de segurança e estabilidade. Se um falhar, existirá um segundo ou até mesmo um terceiro, a depender do equipamento. Via de regra, é possível voar sem uma das redundâncias. Isso faz com que um avião possa voar para sempre. Enquanto houver ar. O problema não é voar. O maior problema é o custo de manutenção para fazer o avião voar para sempre. Isso é parecido com os estudos. Quanto mais tempo você estuda, o custo para manter você estudando se torna maior. E ai, pode ser que seja hora de parar.
Com o estudante é a mesma coisa. Você deve ser redundante no seu processo de estudo. Ocorre que só ser redundante não é suficiente. Ser redundante te traz estabilidade, mas para ser eficiente de fato, você precisa de “percepção”. A perceção advém da capacidade de perceber adequadamente como se dá essa redundância e quais seus resultados, permitindo, inclusive, intervenções precisas no processo de aprimoramento.
Com os alunos da mentoria, desenvolvi uma planilha que leva em consideração diversos aspectos dos estudos, tais como as matérias que serão cobradas na prova objeto de preparação, a quantidade de questões de cada matéria dentro da organização da prova, que pode estar prevista no edital ou não, a quantidade de questões pertinentes realizadas pelo candidato dentro de um período razoável, o grau de redundância do aluno, que corresponde a quantas vezes mais ele respondeu questões que serão cobradas na prova, o desempenho real do aluno mediante análise de estatísticas do percentual de acertos, dentre outros. Analisando todas essas informações, consigo identificar em que processos podemos evoluir, respondendo cada vez mais questões sobre esses temas.
A terceira fase representa a validação de todo o processo de aprimoramento no estudo, na qual os aprovados submeteram a críticas reais a sua autoimagem enquanto estudante.
Através da realização formal de provas de concursos públicos, circunstância complexa que vai desde a decisão de fazer a prova até a conferência do gabarito, o indivíduo submete-se à provação letal. Muitos estudantes sentem uma ansiedade desproporcional quanto a esse evento.
Na verdade, a ansiedade decorre do receio excessivo a uma ameaça. É normal você se sentir ansioso ao viajar de avião. Por mais que seja quase impossível, o avião pode cair. Não foi você quem construiu o avião, bem como não é “padrão ” que objetos de toneladas pairem no ar. Eu já saltei de paraquedas. Não recomendo, mas, depois disso, quando sinto medo de algo, lembro-me desse evento e, em alguns casos, o que me amedronta parece mais tranquilo. Ver a porta de um avião abrir e saltar dali é desafiador. O avião pode, se falhar, te matar. A prova, não. A prova não é nem capaz de falhar. É você quem falha.
A prova não é uma ameaça. Sua vida não será colocada em risco. Pelo contrário, é o ato de viver (viver a sua vida por sinal) que representa uma ameaça para seus sonhos e desejos, uma vez que você pode não ter feito a sua parte (ou pelo menos ter essa percepção. Um mentor te ajudará a visualizar melhor isso).
A prova, para os ansiosos, representa uma formalização, uma coisa julgada de que você perdeu a oportunidade (na maioria das vezes por culpa sua) de mudar de vida. Ou seja, não é a prova que é uma ameaça. É a sua vida que ameaça o seu senso de sobrevivência. Dói, mas o quanto antes você perceber isso, mais rápido irá se desvencilhar de quem o torna acomodado.
O momento da avaliação é demasiadamente estressor, o qual pode ser comparado, sendo para muitos uma realidade, a um campo de batalha. A perturbação quanto a esse momento se inicia logo da (in)decisão de se inscrever para o concurso, antes mesmo de fazer a prova. É curioso.
Particularmente, acredito que a decisão de não fazer determinada prova deve se basear em extremos. Você deve de modo cabal repelir morar naquela cidade, bem como exercer aquele cargo mediante toda e qualquer circunstância e, mesmo assim, deve ter, ainda, outra opção de sobrevivência diferente de ser sustentado por alguém pelo restante da vida, por mais que esses mantenedores se mostrem favoráveis a isso. Por enquanto.
Essas condições extremas devem ser pautadas nos seguintes enredos: a) ausência total de recursos para realização da prova; b) ausência total de aptidão para exercício do cargo (o exercício real não o idealizado por você com base nos filmes ou estágio na capital) ou c) a ausência total de aptidão para morar na referida cidade. Essa ausência total deve ser representada por uma escolha trágica no caso de recursos (ou me alimento ou faço a prova), uma incoerência essencial quanto ao exercício da profissão (eu jamais seria defensor público, pois as circunstâncias enfrentadas por eles me destroem a alma) e, por fim, você nunca ter ido visitar essa cidade como turista no caso da inaptidão para morar naquela cidade.
Já vi muitos alunos que, mesmo se preparando devidamente, em virtude do medo e insegurança quanto ao seu rendimento, perderam excelentes oportunidades de fazer provas em outras cidades. O curioso é que, provavelmente, essas mesmas pessoas seriam capazes de ir morar nessas cidades para ganhar um salário bem menor, trabalhando bem mais do que trabalhariam como servidores públicos, só pelo fato de não precisarem passar por uma avaliação.
O pior ainda está por vir. Muitos estudantes seriam capazes de morar em outras cidades, sem ganhar simplesmente nada, assumindo atividades que nada tem a ver com a sua profissão por um motivo (e espero que realmente seja isso): amor. Muitos estudantes que jamais admitiram se mudar de cidade para fazer determinados concursos o fazem quando seu respectivo cônjuge toma a iniciativa e se muda. Não estou a afirmar que não vale a pena se mudar por amor, mas talvez seja interessante cogitar se mudar por amor a você mesmo.
De fato, morar longe de sua cidade natal não é algo interessante, mas saiba que, se você estuda para concursos, ser aprovado não é uma opção sua. Tomar posse sim. E para tomar posse, primeiro você precisa ser aprovado. Ser aprovado é uma conquista. E caso você não faça sua inscrição hoje, daqui a quatro anos, que é o tempo em que você poderá ser nomeado, talvez a coisa que você mais queira seja sair de casa, ainda que fosse parar morar naquela cidade horrível que você parece não gostar, mesmo que já tenha pago para ir visita-la.
“Ah, mas foi só um final de semana”. Com dinheiro honesto, você consegue até construir uma casa igual a que você mora na sua cidade natal. Talvez até trazer sua família. Talvez não dê para trazer todos os amigos, mas saiba que quanto mais triste você for, menos amigos você terá. Ninguém gosta de pessoas mal resolvidas por perto.
Ademais, quando você mora fora, incrivelmente, a relação com seus amigos melhora, pois o “tempo de qualidade” (expressão que detesto, mas não me vem outra a cabeça) aumenta. Não muito raro, moramos na mesma cidade e nunca vemos nossos amigos por um questão de logística e de acreditar que eles estarão sempre disponíveis. Seja sincero, você está apenas com medo.
Se você tem medo, o melhor a ser feito é encarar. Deixe para desistir quando houver a real possiblidade de desistir.
Caso você resolva fazer a prova e se preparar de modo correto, analisarei aqui a véspera da prova. O grande evento. Para mim, o momento mais importante. É a hora do grande espetáculo.
Infelizmente, algumas pessoas são tão inseguras ou não confiam no próprio processo de estudo que preferem permanecer inertes nessa semana. Poucas coisas na vida trazem mais prejuízos quando inadequadamente feitas do que quando simplesmente não feitas. Estudar é uma delas.
Para mim, comprovadamente, é o momento em que mais se deve estudar. Primeiro porque se manter ocupado é algo que auxilia bastante no controle da ansiedade. Segundo, porque nesse momento é possível usar de modo real a memória recente, de modo que grande parte daquilo que você ler poderá ser lembrado na hora da prova, uma vez que nosso cérebro não terá tempo de ter acesso a tantas informações novas que irão se sobrepor aquilo que você estudou recentemente.
No trabalho da mentoria, assim como fazia comigo mesmo, oriento os alunos àquilo que chamo de “treinar a máquina”. Durante a semana antecedente, na mesma hora da prova, mediante o mesmo ritual, o aluno deve “fazer uma prova”. Na mentoria, monto estrategicamente a prova com base naquilo que acho importante (em diversos aspectos, não somente técnicos).
Afirmo com convicção que o resultado de qualquer concurso que você faça já está definido 15 dias antes da prova. A bem da verdade, o seu resultado está relacionado com a quantidade de dias que você estudou para qualquer concurso e a qualidade do seu senso de redundância e percepção sobre os estudos até o período que finda 15 dias antes da prova.
O que importa nesses 15 dias que antecedem a data da prova é a construção da sua autoimagem enquanto estudante e o quanto você se considera capaz de colocar todo o esforço empreendido previamente em prática.
Saiba que aquilo que mais assusta qualquer pessoa não são as suas dificuldades. O que mais a assusta, na verdade, é a sua capacidade de obter sucesso diante da sua baixa autoestima. Nós fugimos excessivamente de qualquer imagem vencedora que temos de nós mesmos, pois a mediocridade reinante desabona qualquer pessoa que tente evoluir. Apenas algumas pessoas parecem estar autorizadas, ou pior, autorizam a si mesmas, a se sentirem merecedoras dos resultados advindos do seu próprio esforço. Talvez porque não se esforcem realmente ou talvez porque a validação do seu meio não permite isso.
Fazer várias provas na semana final faz com que você se acostume com as condições da prova no dia real, em que, por mais que haja diferenças, você não gastará muitas energias se adaptando às circunstâncias estranhas. A quantidade de situações semelhantes com o contexto real da prova feitas anteriormente irá auxiliar no retorno de estado ótimo de eficiência, qual seja, o padrão comportamental que o permite executar com maestria o treino incessantemente executado.
Além do mais, a semana que antecede a prova é determinante para sua estabilidade emocional. A maneira como você se sentir durante esses dias será provavelmente a maneira como você se sentirá no momento da prova, posto que 168 horas sempre serão maiores do que 5 horas, não adianta.
Portanto, trate de avaliar o que você fará nas horas anteriores ao concurso. Ocupar o tempo é fundamental. O ocupar o tempo de modo inteligente é mais do que fundamental, é o que faz você ser aprovado. Algumas pessoas costumam não estudar de modo intenso nesse período, mas, apesar de não concordar com isso, são pessoas que já estudaram durante muito tempo e o feito naquela semana não fará tanta diferença.
Lembre-se de que aqui estou falando em um resultado rápido. Jamais utilizo como referência pessoas que foram aprovadas em 1 ano após formadas, mas que estudaram muito durante a graduação para concursos. Não considere o tempo de formado, considere o tempo de estudo. Eventos isolados não criam estatísticas. Não se engane. Porém, se você não tem tanto tempo de estudo assim, ou até tem, mas que se preparar de modo mais efetivo ainda, é melhor você fazer algo útil na semana da prova.
Eu sempre fiz provas em um tempo muito curto. Geralmente, era um dos primeiros a sair da sala, o que para mim era um objetivo curioso. Depois de um tempo fazendo provas, em virtude do foco no mesmo concurso, e da ordem alfabética existente, você passa a conhecer todos os concurseiros da sala. Eu gostava de se um dos primeiros a sair e gerar aquela impressão de ineficiência nos outros candidatos. Era engraçado.
Porém, enquanto a prova dos outros começava em algum horário pela manhã ou tarde do domingo, minhas provas sempre começavam às 6 da manhã do sábado anterior.
Vou contar para você como era minha rotina. Logo pela manhã, eu entrava em ritmo frenético de leitura dos meus materiais de revisão, produzidos integralmente por mim, e eram os melhores materiais que poderiam ter sido feitos, pois era feitos por mim para mim. É aquilo que na mentoria eu chamo de “material temporal”, uma verdadeira viagem no tempo, que me dava muita autoconfiança no momento da prova. Era um ritual.
Em determinado momento, eu tive dificuldades de encontrar parceiros de quarto nos hotéis para viagens de concursos, pois ninguém queria estar comigo enquanto eu me concentrava somente no meu material de revisão. Eu não parava de estudar. Eu sabia que o que eu estudasse naquele momento, se caísse na prova, eu acertaria, não precisaria nem ler. Era incrível. Eu tinha o melhor material de revisão do mundo.
Eu tinha um método diferente de fazer questões durante a prova. Eu respondia as questões sem ler o enunciado. Tinha preguiça de ler enunciados grandes. Buscava a resposta sem ler o enunciado. Isso me fazia responder mais rapidamente. É claro que se nenhuma resposta fizesse sentido, eu leria o enunciado, e em grande parte das questões eu tinha que ler, até para fazer uma dupla checagem se estava certo. Se eu respondesse algo sem ler o enunciado e fizesse sentido também lendo, a chance de aquilo estar certo era gigantesco. Ao final da prova, eu sempre balanceava a quantidade de respostas certas para que tivesse a mesma proporção em cada item.
Eu fazia muitas questões. Eu sabia o que poderia ser cobrado. Se a banca trocasse uma virgula, eu saberia. Era meu padrão. Meu ápice foi a obtenção do 2º lugar em uma prova objetiva numa das provas mais difíceis do país (PGM – Fortaleza em 2017) estudando apenas 40 dias focando em como o CEBRASPE mentia para mim.
Sim, eu considero respostas erradas como mentiras. O sentimento advindo disso me faz lembrar mais das mentiras. Estudei 40 dias focado nessa prova, pois até 40 dias antes eu estava me preparando para a prova oral do concurso da Procuradoria Geral do Estado do Maranhão. Era uma prova do âmbito estadual e era oral. Quem já fez sabe que a preparação é totalmente diferente.
De modo objetivo, você tem duas opções. Ou a sua vida é amarga, cheia de problemas, frustrações, inseguranças e indecisões, e a prova é solução para isso, ou a sua vida é supostamente (uma ilusão criada por pessoas que se beneficiam disso) boa, e a prova é um problema. Esse gaslighting muito me entristece.
O pior mal que um professor pode fazer ao aluno é ter uma tolerância dissimulada com as falhas do orientando. Desde que haja conhecimento técnico e legitimidade sobre o assunto, o receio de magoar o aluno é muito mais prejudicial a longo prazo, uma vez que impossibilita a autoavaliação e o desenvolvimento da disciplina nos estudos.
Saiba que ser demasiadamente indulgente com aquele busca o aprimoramento nos estudos traz inaptidão aos desafios dos concursos públicos e da vida, fulminando a força de vontade quanto ao senso de crescimento.
Como saber se a crítica do professor é coerente? Simples. Questione se o progresso do aluno representa também o progresso do professor. Isso parece natural, porém não é. O aluno é capaz de perceber quando a evolução surge de ideias do professor ou pelo mero fato de se ter um professor.
No primeiro caso, a evolução vem da orientação da mentoria, e ela tem que existir individualmente. No segundo, da inquietação do aluno, a qual não depende do mentor. Se você for apenas inquieto, talvez precise mais de amigos do que de mentores, apesar de ser mais difícil ter amigos do que (maus) mentores.
10 direcionamentos para os estudos
1) Acredite em você.
Esse é o primeiro e o pilar dos 10 direcionamentos. É o pilar antecedente ao fato de estar vivo para que você faça a prova e possa se permitir ser aprovado.
Você é capaz de conceber uma memória de si mesmo até o limite do que o seu próprio cérebro considera útil. Acerca de tudo que possa ter sido relevante para a sua sobrevivência, você conseguirá lembrar de experiências passadas fatídicas.
Igualmente, você idealiza uma projeção do que o que você será (ou deveria ser) no futuro – muito pela dramaturgia (filmes, livros, músicas...) que teve contato -, bem como desenha mentalmente as interações sociais vivenciadas pelo seu eu do futuro, a princípio, ou assim você espera que seja, mais desenvolvido.
Quanto ao presente, considerando-o como sendo fruto de uma percepção sensorial, ele se consubstancia na materialização constante e adequada de sua intuição (resposta ao ambiente), fruto do inconsciente, responsável pela sua sensação de “eficiência”, a qual foi é validada racionalmente, ou não, em regras sociais predefinidas, e também na genética.
Acreditar em você é promover uma integração sofisticada entre o individuo do passado, apesar de todos os erros cometidos e defeitos constatados, o individuo do presente, o qual deve se apresentar da maneira mais coerente possível na empreitada em direção ao fim perseguido (conforme parâmetros de terceiros anteriormente bem-sucedidos), e, por fim, o individuo vindouro, potencialmente capaz de resolver definitivamente as dificuldades que surgirem, tais como a prova de um concurso público.
Acreditar em você, e acreditar de corpo e alma, significa acomodar adequadamente essas três ilusões intelectuais, validando a pretérita (mártir), reconhecendo a atual (guerreiro) e confiando na futura (herói). Invalidar (e quem faz isso de maneira essencial é o seu meio social, portanto, escolha bem) as consequências do seus atos do passado dificulta a disciplina e persistência do seu eu atual, o que inviabiliza o surgimento de qualquer representação de si mesmo como um ser dotado de capacidade.
Um fato é importante. A encenação psicológica desse “tudo dentro de um” é análoga a como sucedem os sonhos: você não consegue, e nem precisa, voltar para um de onde terminou o outro. É por essa razão que discordo de afirmações inespecíficas (conselhos destituídos de começo, meio e fim) de que o indivíduo deve mirar ser melhor do que ele próprio a cada dia. Em 10 anos, deveríamos ter uma população de super-homens (chegamos ao chat GPT). Se não há um sequer, é porque isso não é possível.
Na verdade, de acordo com cada objetivo, o indivíduo deve buscar desenvolver-se (mudar a percepção de si mesmo) em relação ao que era, em média, há três ou quatro meses, e, após certificar-se objetivamente através de parâmetros reais, torcer para que outras pessoas melhores do que ele há mais tempo (e que se esforçaram adequadamente mais) não sejam também avaliadas dentro daquela eventual seleção. E a prova de um concurso é uma seleção (não tão) natural. A mariposa da mesma cor da árvore da cidade poluída não precisa ser melhor do que a girafa pescoçuda das savanas. [VA2]
Isso permuta uma meta viável apenas no imaginário (virar um super-homem, melhor do que todo e qualquer um) em uma perspectiva real e eficiente (acertar mais questões dentre pouquíssimas pessoas corajosas e que entenderam como o jogo funciona).
Entretanto, o fato é que essa integração é extremamente exaustiva para o indivíduo, pois o seu custo é diretamente proporcional à manipulação decorrente de interesses egoísticos e econômicos de alguns agentes cada vez mais persistentes, hábeis e ávidos por dinheiro no mundo dos concursos públicos.
A notícia boa é que, além de ser muito eficiente, esse protocolo de integração é eficiente de modo pontual, com intervalos bem definidos, pois é muito fácil saber como começar e quando parar. E a regra de ouro da eficiência é: pare quando os esforços superarem o potencial de aprimoramento. Ganhe sendo bom quando os outros perdem tentando ser perfeitos.
Começo: acorde cedo. Fim: quando começar a incomodar os frustrados.
Acorde cedo porque ver o sol nascer é a maior fonte de renovação que existe. Por outro lado, gaste energia para acreditar em você até incomodar quem esteja ao seu redor e que, provavelmente, não acredita em si mesmo.
Como saber quem não acredita em si mesmo? Pela nível de conformidade da pessoa com a própria vida. Ninguém. Absolutamente ninguém é e nunca será conformado inteiramente com a própria vida. Não é da natureza do ser humano se conformar. Estamos aqui para perpetuar a espécie. E perpetuar a espécie é buscar evoluir. E ninguém faz isso lendo livros e filmes antigos, criando teorias sem qualquer ação.
Há quem não se conforme em não se sentir conformado. Então, essa pessoa busca se conformar. Para isso, de modo extremamente inteligente (ou não), se convence de que não é capaz de nada, e isso só tem sentido prático se ninguém também for. Ela, então, o faz das seguintes maneiras: diminui quem esteja ao seu redor que seja genuinamente inconformado, cria regras toscas e profere críticas em forma de conselhos inúteis. Como isso vai de encontro à natureza humana, ela se frusta e vira ressentida. É alguém ausente de luz. Você está acostumado a ver sol nascer. Sabe quem brilha e quem é escuridão.
Depois disso, é só manter. As pessoas vão te imitar. Está dando certo.
Saiba que nenhuma imitação é objetiva por si só. Ela é sempre subjetiva. Você não imita o que alguém faz, você imita como alguém faz algo. Em suma, para acreditar em você, faça a sua parte. Mas o que é a sua parte?
2) Busque orientação em pessoas reais.
Uma das formas mais socialmente aceitas de criticar alguém é chamá-la de “gênio”. Talvez você não faça isso conscientemente, uma vez que dificilmente isso será tido como uma palavra negativa. Porém, na presente análise, importa mais o que a pessoa chamada de “gênio” sente e o que ela fará depois disso, do que a sua intenção como admirador, principalmente pelo fato de que você precisa que a pessoa que responsável pela sua condução se sinta coerente. Reduzir alguém esforçado ou extremamente dedicado a figura de um “gênio” (mormente quando você não o conhece na intimidade e teve a percepção somente os resultados dessa pessoa) fará com que ela entre inconscientemente em estado de incoerência, posto que questionará o valor do seu próprio resultado. Chamar esforçado de gênio é como chamar um trabalhador de herdeiro. Os melhores herdeiros são os que mais trabalham.
Mesmo que ela tenha sido “comum” no início, (e o esforço não torna ninguém excepcional, haja vista que todo mundo, salvo alguns herdeiros, precisam se esforçar em alguma coisa) outras pessoas comuns, como autodefesa em prol de suas inércias, estão atingindo a essência dessa pessoa, retirando-a do grupo das “pessoas comuns”. E todo mundo quer pertencer a um grupo, e quanto maior o grupo melhor para fins de proteção, e gênios são escassos).
Após isso, o suposto gênio tende a aceitar (pois a opinião alheia sim importa) inexistir vínculo entre o trabalho árduo (que o fez alcançar suas metas) e o resultado dos seus esforços, os quais agora são (apesar de muitos serem bicos) de orientar você.
Portanto, esse orientador não irá se preparar nesse ofício e passará a criar metodologias na própria cabeça (e propagar) pela perspectiva capitalista (o bom é o que vende mais, não o que aprova mais, e quanto mais vender, maior a chance de existirem aprovados que tiveram contato com aquele produto – nem que seja uma mero cadastro - e ai surge o curso “vitalício” – a maior crueldade que pode existir com o concurseiro. Meus Deus. Sinto arrepios. A vida da pessoa se torna estudar para concurso). O problema é que você é a cobaia dela. E concursos não aprovam cobaias. Aprovam os adaptados.
Estudantes com vidas reais perceberão isso, pois viveram as dificuldades da vida e sabem que não é assim e logo irão desistir. Infelizmente, pessoas não reais (o gênio de 20 anos) estão sendo validadas quanto aos seus aspectos imaginativos extremamente prejudiciais aos estudantes. Os gênios existem. Eles podem ser os melhores servidores públicos do mundo. E provavelmente serão, pois passarão 40 anos fazendo aquilo com a dificuldades reais da vida, mas o bico de orientador, não é o melhor ofício dele.
3) Não leia qualquer teoria e responda questões sobre isso.
É no mínimo equivocado buscar competência do seu eu do futuro da prova trapaceando com o seu eu do presente. Isso destrói a sua essência. Você se tornará o que você faz. Cuidado com aquilo que não te desafia. Saiba que muitas vezes você só faz isso porque tem outras pessoas fazendo, e outras pessoas só fazem porque outras pessoas a manipulam, e essas outras pessoas criam dificuldades para vender facilidades. O sucesso é feito de pequenos atos insignificantes e destituídos de prazer. A real felicidade, o real resultado, vem de atos medíocres.
4) Revise não revisando.
É fundamental destacar um momento para pensar sobre o que pode estar dando certo nos seus estudos e o que pode melhorar. Isso é revisar. O problema é que você não está mais na escola nem na faculdade. Seu professores não são mais seus ídolos, as pessoas ao seu redor não são mais iguais a você e a prova do concurso que você quer acontece no mínimo a cada 3 anos e dificilmente você terá condições emocionais de fazer essa prova mais de 2 vezes (quanto não somente 1). Isso quer dizer que sua vida mudou. Você tem muitos afazeres, nos estudos e fora dele. Revisar pode ser ótimo para quem pode revisar. Entretanto, para alguns, há dois problemas essenciais: revisam o que viram, sem a menor noção do que é importante. E o contexto é fundamental. Não é porque algo não é útil em determinado contexto que ele é invalidado. Revisar é bom, como revisar uma agenda, mas tudo não dá. As vezes, o aluno revisa aquilo que ele achou importante, mas ele não sabe nem o que é importante, pois não faz questoes e tem como referencial as suas próprias ideias. Ser inespecífico prejudica demais porque se você não adota uma opção, todas as aulas passam a te atormentar. E dois. Perdem muito tempo pensando no que deveriam fazer e sobre os prejuízos de não terem o que revisar, como se fosse um gatilho necessário. Como revisar, então? Ensino isso em outra parte deste livro, mas estude sabendo que você está revisando.
5) Comprometa-se com quem financia seus estudos.
Seus pais, você ou qualquer outra pessoa. Comprometa-se verbal e fisicamente. Diga sempre para quem está financiando seus estudos: “estou indo estudar”. Isso alimenta quem se sacrifica para isso e a pessoa irá se sentir menos ressentida por uma questão lógica. As vezes, a pessoa não tem tempo ou condições emocionais de “fiscalizar” isso. Faça com que chegue lá. Ajudará você.
6) Escolha um grupo e apoie todos nesse grupo.
Isso permite que você não visualize todos como inimigos e mantem um ambiente no mínimo saudável para que você mesmo consiga estudar.
7) Não rateie materiais.
Você estabeleceu uma confiança com qualquer pessoa que te orienta. Professores que têm seus materiais publicizados de maneira não remunerada sentem-se “roubados”. Isso é péssimo, pois faz com que façam materiais cada vez mais rápidos e caros, pois já preveem isso.
8) Não critique a banca antes de fazer a prova.
A banca não mudará se você não for aprovado. A banca mudará se você for aprovado. Uma prova de concurso é um ambiente de seleção natural que escolhe aquele mais “evoluídos” diante dos problemas que elas criam. A banca precisa ter um padrão. Um ambiente sem padrões em que tudo pode ser feito não seleciona ninguém e ninguém se adapta. Entretanto, estamos falando de um processo seletivo em que não é viver, mas ser escolhido. Em algum lugar a ausência de padrões pode ter alguma utilidade para alguém, mas não aqui. Entender, e criticar, como a banca seleciona só é interessante se for para você evoluir nesse aspecto, mas não para não precisar evoluir. Darwin não viveu o suficiente para aplicar os seus conhecimentos sobre seleção natural a um estado de perfeição, mas todos os estudos posteriores a ele, fizeram com que outras pessoas evoluíssem. Porém, essas mesmas outras pessoas quando orientadas sobre os estudos de Darwin conseguiram evoluir mais. Quem é você? Darwin? Não perca tempo com isso.
9) Mude seus horários de estudo.
O ser humano quer sempre novidade para buscar novos padrões. Porem, você precisa ter um padrão de estudo, para mudar alguma coisa, mude o horário. Assim você terá constância dentro de um mesmo método, mudando apenas o horário.
10) Não idealize o cargo.
Isso trará ressentimento e falta de referencial de pessoas que já exercem o cargo e você sabe que não é como você imaginou.
REVISAR É VIAJAR NO TEMPO
A aprovação em qualquer concurso público é resultado de somente um fato: o acerto de mais questões do que os outros candidatos. Não mais que isso. Repito. A soma de itens marcados de acordo com um gabarito pré-definido (mas nem tão coerente quanto se possa imaginar) é o único evento responsável pela aprovação do candidato. Quanto maior esse montante, comparando-se ao restante das pessoas, melhor será a classificação do indivíduo (e isso pode significar milhares de reais). Tal análise é de suma importância na definição do plano de estudo do estudante, em razão de que este propósito deve ser a intenção do estudo, não o corolário. Porém, a maioria das pessoas crê que a precisão na execução de uma questão é uma ilação objetiva irrefutável advinda de um processo analítico subjetivo/visual de compreensão associativa do tema, distante em termos materiais e próxima em termos temporais. Sei que pareceu complicado (e essa foi a intenção), mas, em resumo: O aluno acredita ser necessário ter assistido recentemente à aula do professor Ministro da NASA, feito 394 mapas mentais e discutido o assunto com outros amigos nerds acerca de situações que só a cabeça dele (jamais a do examinador pouco criativo) conseguirá.
Vivemos uma contradição interna. Por questões culturais, sociais e religiosas (mormente pelo surgimento do puritanismo ocidental) acreditamos que somente o trabalho duro é digno. Isso não é incorreto. O revés reside no entendimento do que consiste esse trabalho duro: amolar o machado ou cortar a árvore? Veja, o dinheiro deve ser consequência do seu trabalho e não a intenção. Tudo bem. Quanto aos estudos, o contrário. Isso não é tão moralmente “certo”, mas não é ilícito. E, enquanto o sistema permitir que isso aconteça, essa deve ser sua melhor percepção, pois sempre existirá quem aceite e execute isso mais facilmente e será extremamente difícil para você que ainda está discutindo como os concursos deveriam medir conhecimento enquanto suas contas vencem.
Assim, alguns estudantes apenas se sentem dignos/merecedores de um resultado positivo quando detém a autopercepção do domínio amplo sobre a matéria. E ai vem a prova.
O início do raciocínio, ao se defrontar com a questão, consiste na seguinte pergunta: “Eu estudei isso?”. Em caso negativo, é uma derrota praticamente certa. Em caso positivo, surge o próximo questionamento: “Eu gosto dessa matéria?”. Em caso negativo, há uma falta de confiança na efetividade do próprio estudo, consequentemente, na segurança acerca da resposta marcada. E mais. Atribui-se um aspecto emocional àquele assunto de acordo com a afinidade a determinado professor/material, os quais são extremamente impessoais. Memórias estão diretamente relacionadas às emoções. Inúmeras vezes, a percepção negativa sobre a matéria é fruto de uma experiência traumática extremamente descontextualizada do viés necessário para a realização de um concurso público. Algo relacionado a experiências profissionais ou provas anteriores ainda durante a faculdade. Em caso positivo, o candidato lê a questão com mais ânimo: “Eu estudei esse assunto, porque eu gosto do professor que me ensinou o material colorido que eu li!”.
Entretanto, se o pressuposto básico para o candidato se sentir apto à resolução da questão consistir em experiências prévias bem definidas quanto ao ato de ler/pessoas relacionadas ao assunto, ele precisará lembrar onde ele leu e quem o ensinou. Aqui temos um problema.
Você precisa entender como funciona o cérebro humano.
O cérebro humano representa 4% do peso corporal e consome cerca de 30% do gasto calórico diário. Portanto, apresenta elevado gasto energético, desproporcional ao restante do corpo. Assim, por uma perspectiva de eficiência, o cérebro sempre irá buscar melhorar seu rendimento através da otimização executiva do que for imprescindível. Ou seja, irá se desenvolver no sentido de realizar as mesmas atividades com um gasto calórico menor. A maneira como cérebro faz isso é através da padronização. Tudo aquilo que você faz repetidamente e em que há uma finalidade precisa (quanto mais pertinente à sobrevivência e à reprodução melhor), mais o seu sistema nervoso “automatizará” o processo, mediante o estabelecimento de padrões, sem que você precise raciocinar conscientemente (gastar energia) sobre aquilo.
A depender do modo como você estuda, não haverá repetição, nem finalidade atribuída.
Assim, você não irá fixar instrumentalmente (salvo para discutir com seus amigos ou reafirmar seu professor) aquele assunto.
E saiba que, quanto mais “velho” você for, menos informações recentes você irá reter. Não por uma questão de limitação cognitiva. Isso até acontece, mas nada fisiologicamente incapacitante a ponto de restringir a aprovação a pessoas mais novas. Somente pelo fato de que, quanto mais experiente você for, mais obrigações e novas memórias você tende a ter, de modo que informações sobre estudos obtidas recentemente serão substituídas por novas informações, pois o cérebro admite que aquela informação sobre Controle de Constitucionalidade não é útil pelo simples fato de você não ser ministro do Supremo Tribunal Federal, sempre ter evitado aquilo e somente agora aos 43 tentou entender o assunto. Além disso, entre o horário da escolinha de futebol do seu filho toda semana, diante das cobranças dele, e a Lei 9.868 de 1999, o seu cérebro irá optar pelo endereço da escolinha do Flamengo, pois você precisa disso mais precisamente para sobreviver (em paz). E, para piorar, ainda há a ameaça do estereótipo, em que somos constantemente levados a acreditar no fato de que pessoas mais velhas tem simplesmente a memoria ruim, mesmo que isso não aconteça em toda prática, mas que, infelizmente, atua como “justificativa” instransponível e super acessível de qualquer falha verificada.
A solução para essa questão é muito simples. Você precisa entender (e defender) que o seu objetivo é tão somente acertar questões. Para isso, você precisa ter uma coordenação visomotora (olho-mão) desenvolvida. E o instrumento intermediário, o qual vincula esse comando, é o seu sistema nervoso. Quanto maior o número de noções e ideias padronizadas em seu cérebro, fabricadas atendendo ao protocolo da repetição/finalidade, mais desenvolvida a eficiência da coordenação visomotora. Portanto, é necessário replicar continuamente a execução do eixo de eficiência, conferindo intento realista ao método, o qual pode ser qualquer um, menos aprender tudo (infelizmente é isso que grande parte dos estudantes buscam).
No âmbito da mentoria, desenvolvo um escopo entre o professor/aluno apto a uma finalidade extremamente eficiente, qual seja, o compromisso profissional entre dois indivíduos de interesse comum. O aluno estuda não para si próprio, mas para dar uma “satisfação” a alguém, assim como ele sempre fez, desde a sua infância. Todos os dias, ele envia para o professor, de modo facilitado, suas atividades desempenhadas durante o estudo e ele sabe que há alguém esperando. Eu o coloco em uma situação de constante vulnerabilidade de coerência, e isso é assustadoramente eficaz. O comprometimento consigo mesmo, decorrente de um investimento “alto” fruto de um grande sacrifício, bem como o comprometimento público (com o professor e o grupo da mentoria) torna a eventual falta de coerência (não fazer o que tem que ser feito – e quanto mais experiente melhor) apavorante. E tudo bem. Você não ficará ansioso, eu garanto. Explico o porquê. O aluno estuda não para aprender a matéria diretamente, mas para ser coerente. O fato é que quando o individuo não sabe o que tem de ser feito para ser coerente, ele fica perdido e ansioso, quando ele sabe, fica entusiasmado (e ele sabe exatamente o que fazer na mentoria).
Portanto, a charada da repetição e da finalidade está resolvida. Ressalto, porém, um cenário mais intricado. Após a repetição do ato com a finalidade precisa e eficazmente atribuída, há uma conjuntura mais instintiva ainda: o seu meio. Você pode até ser muito bom em algo em termos de padrão de eficiência, mas o seu meio irá definir a persistência do seu comportamento, e isso é precípuo para o seu sucesso. E aqui está a parte mais “difícil”, posto que nem sempre é tão simples alterar o seu meio, sendo necessário, eventualmente, alterar de meio. E nós construímos um altamente eficaz.
Veja. Após a repetição do ato, com a finalidade de se manter coerente, você, naturalmente, projeta a consequência do seu ato no meio em que você vive e socializa. A validação ou o rechaço do seu grupo representará a reincidência ou não da referida ação, uma vez que a validação traz consigo a sensação de pertencimento, logo uma concepção de proteção/acolhimento da sua tribo. Por outro lado, em caso de rechaço, você não se sente pertencente, logo desprotegido, mormente se no grupo em que você vislumbra a repercussão dos seus atos existir a possibilidade de ascendência hierárquica/reverencial/vital de algum outro membro sobre você, ou, como ocorre em diversas situações, o líder da sua coletividade sofrer da terrível síndrome de Procusto, havendo um sentimento de vulnerabilidade maior. Por isso, escolha muito bem o seu ambiente.
CONVIVA COM AS PESSOAS CERTAS
O estudo hoplita.
As únicas letras distintas nas palavras “estudo” e “escudo” são o tipos “t” e “c”, respectivamente. Surpreende mais ainda a percepção de que esses dois termos são mais análogos do que a simples grafia, sobretudo na construção do ambiente (físico/social) da preparação efetiva para concursos públicos.
Estudos em grupos de mentoria, direcionados e sob a orientação de um especialista, são capazes de estruturar aquilo que denomino “Estudo Hoplita”.
O termo “hoplita” vem de hóplon, o grande escudo carregado pelos soldados da falange hoplita, a mais sublime demonstração da sociedade grega clássica em campos de batalha, ilustrada nas imagens que seguem ou nas memórias do filme Os 300 de Esparta.
Nos combates travados pelos gregos, o escudo era de fundamental importância, pois era utilizado por cada guerreiro na proteção de quem estava a sua esquerda, não de si próprio. Não por outro motivo, as mulheres espartanas proferiam aos seus consortes militares: “Volte com o seu escudo ou sobre ele!”. Voltando sobre o escudo, haveria apenas o corpo do guerreiro em cima do hóplon no caso de sua morte. Caso regressasse faltoso do relevante instrumento, significaria que um outro indivíduo restou desprotegido em determinado momento e, por essa razão, não teve a mesma sorte do sobrevivente.
Voltemos para a batalha. Enquanto o escudo de um guerreiro protegia quem estava a sua esquerda na consistente falange, no momento certo, aquele amparado pelo hóplon alheio atacaria utilizando a lança (longa e afiada) segurada firmemente em sua mão direita. Raramente seria utilizada a espada, dotada de baixa eficiência e de altos riscos, a qual era firme, mas curta demais.
Surge, assim, uma elementar analogia inerente à defesa de um escudo aplicável ao método de certo estudo: não é você quem ataca a prova. É a prova quem te ataca. Você deve, inicialmente, aprender a se defender, pois a defesa antecede o ataque.
A tentativa da banca examinadora de fazê-lo errar constitui o (poderoso ou não) ataque do qual você deve se defender. Conheça, basilarmente, como a banca examinadora pretende atacá-lo, para, assim, desviar dos golpes (erros), e, quando possível, atacar. Ataque, porém, precisamente na ocasião em que possa ser mais assertivo, utilizando a lança, sem muito desgaste. Não utilize a espada, a qual é mais custosa e fatigante em virtude do seu curto alcance.
A concretização e a eficiência do desempenho do estudante sujeitam-se, portanto, ao arranjo prévio na condução e na formação de seu método de batalha (falange ou isoladamente), bem como à sequência concatenada da execução da tática de defesa e do posterior ataque na hora da prova.
Para um feito vitorioso na batalha dos concursos públicos, seu foco deverá consistir em conhecer o modo de ataque da banca examinadora para, só depois e oportunamente, feri-la de maneira vertiginosa e contundente.
Quando o indivíduo estuda para “aprender” o assunto, há a intenção analítica e deveras penosa de golpear antecipadamente a banca (inimigo) com a espada do conhecimento. Porém, em muitos casos, o adversário é criticamente grande para ser destruído com este limitado gládio. Talvez, seja mais coerente fiar-se na guarita do escudo do seu batalhão de estudo e operar a lança precisa e oportunamente, atingindo pontos primordiais da prova.
Por outro lado, quando o indivíduo estuda para defender-se de como a banca tenta induzi-lo ao erro, o cerne da preparação corresponde à consolidação de uma salvaguarda poderosa e à edificação de um ataque enérgico no momento acertado. Constatam-se, em consequência disso, em uma perspectiva individual decorrente da prospectiva coletiva, uma constância inabalável e o surgimento de um forte viés da esperança no resultado.
Sucede-se o manuseio da lança da aprovação, nunca desembainhando a prescindível espada do conhecimento. Somente no caso de quebra da lança e da ruptura da defesa do escudo, utiliza-se a espada.
Pertencendo a um grupo de estudo, você aprenderá com os erros dos outros membros. O escudo de um componente, ou melhor dizendo, o estudo de um outro componente protege você do inimigo (prova). Pergunte-se, agora, como os espartanos se preparavam para as batalhas? É algo parecido com o modo como você estuda para as provas? Você foge do conflito (questões) ou tem fome de vitória?
Prof. Leonardo Aquino
muito bom!😍