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VOCÊ FOI ENGANADO


Durante todo o seu período como estudante, você foi obrigado a seguir um método de aprendizado inadequado (ou pelo menos inadequado para a grande maioria das pessoas) para alcançar sua meta de ser aprovado em um concurso público. A menos que você tenha circunstâncias excepcionais, como a estabilidade financeira e emocional que o permitam dedicar tempo exclusivamente aos estudos, o método tradicional de estudos é altamente custoso e extremamente desmotivador.

 

No entanto, essa abordagem de dedicação exclusiva nem sempre é saudável, pois em determinado momento da vida é importante sentir-se útil de uma forma prática, especialmente por meio de um trabalho que o permita financiar seu objetivo imediato de estudar. Suas responsabilidades (demandas externas) não são, e não deveriam mesmo ser, idênticas há 20 anos.


Durante cerca de 13 anos de educação básica e superior, você foi ensinado pelo "sistema" que o "esforço" em relação a um determinado assunto, delimitado por períodos curtos como um bimestre ou uma etapa, seria suficiente para construir o seu "aprendizado".

 

No entanto, esse "esforço" foi obtido por meio de aulas presenciais obrigatórias, ministradas por professores universitários especializados na área, tarefas de casa sobre os assuntos recentemente abordados em sala de aula, roteiros específicos para as provas (daí a necessidade de "fechar o edital"), grupos de estudo com amigos, revisões na véspera da prova, professores particulares especializados em ajudar os alunos a obterem boas notas (falo com propriedade, pois fui professor particular por cerca de oito anos) e até mesmo a possibilidade de “colar” durante a prova sem sofrer consequências legais.

 

E o que é pior, não apenas lhe disseram que seria possível "aprender" tudo através desse processo complexo e caro, mas também fizeram você acreditar que poderia "provar" seu aprendizado com uma nota 10 na "prova" (essa é a origem do nome: prove que você aprendeu). O fato é que se você tirasse um 7, corria o grande risco de ter que repetir o ano. Isso soa familiar?

 

Além disso, é importante lembrar que naquela época você não tinha muitas responsabilidades na vida. Não precisava pagar contas, sua saúde era melhor e você não tinha filhos. Sua única obrigação era acordar para ir para a escola, e para alguns, nem isso era difícil. Bastava mudar de lugar para dormir: cama, carro, cadeira da escola. Era possível acordar apenas no recreio. Mas e agora? Como está sua saúde mental? Será que é a mesma de antes?

 

Nossa formação intelectual e psicológica é resultado da interação entre características genéticas e influências do ambiente. Conforme envelhecemos, nossas necessidades fisiológicas mudam e nossa capacidade de realizar certas tarefas diminui para dar lugar a outras. Aos 14 anos, você estava livre de muitas obrigações de sobrevivência e de reprodução, bem como tinha a liberdade "social" de pensar muito antes de fazer algo ou não, já que suas ações afetavam apenas sua própria vida, e não a de outras pessoas, pois você era apenas um ser dependente e vulnerável.

 

MEDO DA VIDA. NÃO DA PROVA. A CAVERNA DO DRAGÃO.

 

A fase de formação intelectual do indivíduo durante os estudos entre os 10 e 25 anos de idade é a principal causa de ansiedade entre os candidatos a concursos atualmente.

 

A ansiedade é a percepção exagerada de uma ameaça futura que coloca o indivíduo em um estado de alerta constante, exagerado e fisiologicamente desgastante. Não é o estado de alerta em si que é o problema, pois esse estado de alerta pode ser benéfico para nos preparar para um cenário crítico de sobrevivência. O verdadeiro problema reside na gênese real ou fictícia da ameaça.

 

A realização de uma prova de concurso público não traz consigo uma ameaça física real para o estudante, exceto em casos específicos de avaliações físicas. No entanto, a ansiedade e o medo surgem da constatação de que uma oportunidade de mudança de vida pode ser perdida, e essa perda é irreversível e claramente definida em um determinado momento no tempo (aqui fica claro o eventual medo exagerado da rejeição).

 

O estudante não está buscando apenas aprovação, mas sim uma mudança de vida, e esses dois objetivos não são sinônimos. A busca pela aprovação deve ser acompanhada de estratégias eficazes e não apenas seguir o que todo mundo está fazendo.

 

Na realidade, a própria vida do estudante pode ser vista como uma ameaça real. Então, por que ele está com medo de algo que ainda não aconteceu (a prova), quando o "monstro" (sua vida) já está presente? A resposta é que a vida só faz sentido quando se tem um problema a ser resolvido. A evolução e adaptação são resultado da superação de desafios.

 

A solução, portanto, é identificar e concentrar-se no problema real. Nossa evolução nos tornou hábeis para lidar com problemas existentes, não para imaginar uma vida perfeita. Nossos ancestrais fugiam dos leões com o menor barulho, em vez de idealizar como seria ótimo se os leões pudessem deitar-se ao lado deles enquanto acariciavam suas jubas. É preciso aceitar isso.

 

Então, por conformismo inconsciente e influenciado por aqueles que parecem não ter problemas ou que afirmam terem resolvido todos, você acredita que a sua vida não é uma ameaça real, mas sim a prova. Porém, grande parte do tempo você precisa fingir que está tudo bem, pois não pode se isolar e as redes sociais não permitem. Com o tempo, você começa a acreditar nisso e há sempre alguém validando suas escolhas. É importante reconhecer que nem sempre a vida é fácil e que, em certos momentos, precisamos lidar com a realidade e não apenas fingir que está tudo bem. É como tentar se alimentar apenas com a ideia de um sanduíche, quando na verdade é necessário o alimento real para saciar a fome.

 

Portanto, graças à manipulação de alguns profissionais, o problema agora se torna a prova. Esses profissionais lucram com o seu medo da prova, transformando-a na "caverna do dragão" dos cursos preparatórios. É como se a prova fosse o único obstáculo na sua vida, quando na verdade há muito mais desafios a serem enfrentados. É importante não se deixar influenciar por aqueles que lucram com seu medo e manter o foco no que realmente importa: resolver os problemas reais da sua vida e evoluir como pessoa, acreditando que a aprovação será consequência desse processo de evolução. Já fui bastante criticado por fazer as pessoas acreditarem que é possível obter a aprovação. Eu já fui desacreditado e consegui. Então, não consigo fazer diferente.

 

Na verdade, existe uma terceira opção. É possível que tanto a vida quanto a prova sejam vistos como problemas a serem enfrentados e superados. A vida é cheia de desafios e a prova pode ser apenas mais um deles. Ao mesmo tempo, a aprovação no concurso pode ser vista como uma solução para melhorar a vida do estudante, seja na forma de estabilidade financeira, realização pessoal ou outras conquistas.

 

No entanto, é importante reconhecer que a construção de um contexto amedrontador em torno da prova pode ser prejudicial, e algumas pessoas se beneficiam da exploração desse medo para ganhar dinheiro ou poder. É preciso estar atento a isso e buscar uma abordagem mais saudável e positiva para enfrentar os desafios, incluindo a preparação para a prova.

 

A prova também pode ser vista como uma solução para uma vida insatisfatória ou desafiadora. Se a pessoa busca uma mudança em sua vida, a aprovação no concurso pode ser um caminho para alcançar seus objetivos. No entanto, é importante que essa busca pela aprovação não seja baseada apenas em idealizações ou expectativas irreais, mas sim em um desejo genuíno de mudança e melhoria na vida.

 

Por isso e apesar disso, acredito fortemente que pessoas que enfrentaram dificuldades na vida, se bem orientadas, são mais capazes de serem aprovadas do que aquelas que tiveram uma vida mais fácil. Essas pessoas enfrentam os problemas da vida de frente e veem as provas como uma oportunidade para superar desafios, não como uma ameaça. Esse conceito é conhecido pelos gregos como "phatemata mathemata", que significa "aprendizado vem com a dor".

 

Quando vejo notícias do tipo "um pedreiro foi aprovado no concurso", sinto uma grande vergonha alheia. Como se o valente pedreiro fosse alguém sem capacidade. Mas, na realidade, ele possui muita capacidade, não apesar da dificuldade, mas devido a ela. Se você admira o pedreiro que foi aprovado e deseja ser aprovado, o ideal seria se tornar um pedreiro também, não é mesmo? Mas é mais fácil simplesmente copiar outra pessoa que nunca sequer tocou em um saco de cimento e aceitar a falta de motivação como normal, pois "todo mundo tem problemas", o que resulta na falta de resultados. Dizem que você poderá até ser aprovado em breve se for obcecado pela aprovação, mas ficará "doido"!

 

O que é observado, muito por força das redes sociais, é que há uma suposta maior quantidade de pessoas mais jovens com boas condições sendo aprovadas em concursos públicos. E a crença de que isso irá sempre se repetir é consequência do fenômeno psicológico conhecido como “heurística da abundância”, em que consideramos como verdade aquilo que é mais publicizado, não necessariamente ao que é mais provável de acontecer.

 

Eu mesmo fui uma dessas pessoas. Contudo, isso ocorre não porque elas são necessariamente melhores, mas sim porque elas estão em maior número no campo “efetivo” e têm uma maior tendência de publicizarem seus resultados em redes sociais.

 

O motivo para essa disparidade (estar no campo efetivo e de publicizar) é totalmente alheio a elas, uma vez que elas começaram a corrida na frente. Elas tiveram muito mais privilégios do que talento. Acredito que meu filho terá muito mais condições de ser aprovado em um concurso público do que eu, por motivos óbvios. Entretanto, só permitirei que ele ensine outras pessoas como ser aprovado se ele for transparente e admitir essa vantagem, além de ter pelo menos 3 aprovações e alguma grande frustração nos concursos - conheço algumas pessoas que não obtiveram 3 aprovações e são excelentes orientadoras, mas elas são fantásticas em outros aspectos e extremamente excepcionais. Essa não é a regra. Caso contrário, meu reconhecimento a ele será apenas como um servidor público. Tenho muita dificuldade em acreditar em qualquer experiência distante do aprendizado desvinculado da dor da vivência.

 

Se você tem falta de ar, não terá ansiedade e medo de ir para o hospital, salvo se perder tempo com pessoas que dizer que o ar nem é tão essencial assim (pois o ar nunca faltou para elas, então elas não valorizam tanto) ou que você pode se acostumar a viver com pouco ar, pois muitas pessoas vivem com pouco ar.

Conforme-se. Essas pessoas vendem o ar, e é mais fácil vender um pouco “barato” para todo mundo se houver muitos interessados. Comercialmente, não é interessante vender todo o ar para uma pessoa só, pois, caso contrário, as pessoas irão aprender a usar outra coisa.

 

APRENDIZADO NA ESCOLA

 

Nós acreditamos que a única forma de alcançar sucesso nos concursos é utilizando o método que aprendemos durante nossa infância, adolescência e início da fase adulta. Além disso, muitos de nós acreditamos que os concursos avaliam nosso conhecimento e que só seremos aprovados quando conseguirmos "provar" que somos os mais conhecedores intelectuais de determinados assuntos (prevalência do conhecimento conceitual – natureza das coisas).

 

Por isso, você deseja aprender todas as matérias, assistir às aulas em vídeo, responder questões somente após ler todo o conteúdo, estudar a jurisprudência até compreendê-la completamente e acredita que, em algum momento, conseguirá atingir 100 pontos em algum concurso, mesmo que tenha obtido menos de 70% de acerto em quase todas as provas que já realizou. Consequentemente, você considera "normal" repetir os concursos e começar um novo estudo para cada concurso publicado, pois foi condicionado a fazer isso. A cada prova, um novo estudo, e você não precisa se lembrar do que estudou para a prova anterior, pois agora o "roteiro" é outro.

 

Acredite: não há nada difícil no Direito. O que existe são tópicos que você não lê. Além disso, estatisticamente, os assuntos mais "difíceis" (aqueles que têm um percentual mais elevado de erros nas plataformas de questões) são os que estão localizados mais para o final na legislação, doutrina ou que são 100% teóricos, uma vez que o estudante simplesmente não chega a eles. É por isso que você não gosta de jurisprudência, já que não se considera capaz de ler a interpretação daquilo que não compreendeu o conceito, mesmo que seu objetivo seja apenas acertar questões, e não entender a opinião técnica de um ministro.

 

Saiba que quando alguém acerta 95 pontos numa prova, isso diz muito mais sobre a prova do que sobre o candidato, salvo se alguém tiver acertado 95 pontos em pelo menos 5 provas seguidas. Eu nunca vi isso.

 

Mas você deve conhecer pessoas que estudaram dessa maneira tradicional e foram aprovadas em vários concursos, certo? Claro! Isso acontece! Mas saiba que, provavelmente, você está muito distante dessas pessoas. A razão: essas são pessoas que estudaram bastante desde muito cedo, fizeram uma boa faculdade e, principalmente, tiveram condições favoráveis que 90% das pessoas não tiveram.

 

Sabe qual é o maior traço característico entre pessoas que foram aprovadas relativamente "cedo", logo após a graduação? Depois de quase 10 anos trabalhando com educação na área dos concursos, constatei que, estatisticamente, o fator "convívio" com aprovados é fundamental para uma aprovação precoce. Agora, olhe para você mesmo. Você estuda desde o primeiro semestre da faculdade? Sempre foi um “bom” aluno? Tinha alguém próximo a você para te orientar sobre o que era importante? Provavelmente não. Você teve que trabalhar ao entrar na faculdade, conseguir um estágio para pagar suas contas, pois você tinha 18 anos e virou um adulto. Precisava "viver" a vida, pelo bem ou pelo mal.

 

E agora, depois de conseguir se formar aos trancos e barrancos, cheio de ansiedades, pressões e cobranças internas e externas, você quer voltar a ser aquela criança de 10 anos que vestia o uniforme, assistia às aulas com os professores engraçados e fazia cadernos coloridos, esperando provar para todos (não mais só para seus pais) que pode tirar um 10 (mesmo que muitos aprovados tenham obtido um 70 em sua aprovação: a mesma nota que teria feito você repetir um ano na escola, agora pode te dar um salário de 5 dígitos. Que discrepância!). O problema é que agora você pode fugir de tudo isso e inventar desculpas, pois (mal) paga suas contas.

 

Perdoe a sinceridade, mas você não vai conseguir. Você estudou 8 anos para passar no vestibular (e nem sei se você foi aprovado devido a esses 8 anos de estudo, pois muitos fizeram um cursinho de 1 ano de pré-vestibular...), estudou por 5 anos para fazer 40 questões na prova da OAB (muitos tentaram várias vezes e só passaram quando resolveram infinitas questões) e agora quer ficar mais quanto tempo estudando para concursos fazendo a sua “base”? 5 anos? 8 anos? Isso não existe. Você não vai aguentar. A vida mudou. Você precisa ser efetivo. Pare de romantizar.

 

Diferente da época da escola, agora nem todos são iguais a você. Outras pessoas escolheram outros caminhos e estão vivendo. Você precisa viver. Você está se sentindo pressionado. Não é mais uma criança.

 

Ao trabalhar durante todos esses anos, vejo várias pessoas orientando estudantes por meio de processos ineficazes, inaplicáveis. É comum ver “especialistas” em concursos públicos criando “autoridade” com base em argumentos sobre experiências pessoais pretéritas que não seriam possíveis para 90% das pessoas comuns. Nem me refiro à riqueza, melhores escolas, carro, faculdade. Isso nem é “tão” relevante, mas saiba que “filho de peixe, peixinho é”, e isso vale para parentesco até o 4º grau, seja pelo compartilhamento técnico, seja pelo exemplo de esforço de pessoas próximas a você.

 

Entretanto, existe algo que é acessível a todos: aquilo que está dentro de você. Aquilo que você utilizou para aprender a andar, falar, escrever, tocar um instrumento, trabalhar, aprender um novo idioma, tudo, absolutamente tudo. Vários alunos já fizeram isso e deu certo para eles também. Reflita: por que 6 meses de intercâmbio são mais úteis no aprendizado de uma nova língua do que 10 anos de aulas em cursos de idiomas? Pela automatização resultante do simples binômio repetição/finalidade.

 

Existe um motivo muito claro para sermos complexos nos estudos jurídicos: no Direito, o simples é ofensivo. O mundo político/burocrático foi permeado por vaidades e construções de "autoridades" mediante a criação da complexidade em tudo o que se faz como forma de dizer: "O que eu fiz é muito difícil de ser feito. Se eu fiz, e você não, é porque eu sou melhor do que você. Por isso, me respeite e me obedeça."

 

Durante os últimos anos de desenvolvimento do Direito, ocorreu um intenso processo de especialização. Muitos profissionais são especialistas em alguma área, são pós-graduados, mestres e doutores. O problema da especialização é que, não raramente, os indivíduos especializados se recompensam mais pela percepção do que estão fazendo do que pelo resultado advindo do seu trabalho. Portanto, quanto mais “complexa” for a percepção dos outros (e às vezes os outros são os próprios especialistas) sobre o que está sendo feito, melhor para quem faz. A recompensa não vem da efetividade, mas da complexidade. Não há preocupação com o resultado, somente com a percepção da complexidade do que está envolvido. Isso prejudica por demais o estudante para concursos que está no meio desse conflito egoístico.

 

Afirmar que resolver 20.000 questões trará a aprovação irá gerar muita desconfiança, pois é muito simples no sentido metodológico e de aparência, assim como sempre se acreditou que uma petição pequena e objetiva é ruim, que um texto não rebuscado é inferior e que um advogado sem terno é estagiário. Assim fomos condicionados.

 

Por que isso é tão óbvio para mim? Aqui vai algo muito sincero, mas acredite: mesmo tendo sido aprovado em 7 concursos de alto nível em apenas 2 anos e meio, fui um dos piores alunos da minha turma na faculdade (trabalhava bastante dando aulas de matemática e física) e durante toda a graduação eu estagiei apenas 3 semanas – se é que posso considerar isso um estágio (detestei o estágio, assim como até hoje não me identifico muito com o Direito burocrático).

 

Portanto, esse mundo da "vaidade intelectual" nunca foi a minha realidade. Eu sempre soube que eu só precisaria acertar mais questões do que os outros para ser aprovado em algum concurso público quando me submetesse a esse tipo de avaliação. E eu sabia como fazer isso de modo efetivo, afinal, durante muitos anos ensinei outras pessoas a obter boa pontuação em provas, não a, necessariamente, aprender conteúdos como forma de demonstrar conhecimento.

 

Você não tem culpa, só precisa entender como a máquina mais fantástica do mundo funciona: o seu cérebro. Ao contrário do que você pode pensar, ele te controla, não o contrário. Ele pode ter te traído durante muito tempo, mas é ele quem vai te levar a lugares inimagináveis.


Prof. Leonardo Aquino


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